domingo, 30 de agosto de 2009

IDOSOS NA DANÇA DE SALÃO - PARTE 1

Há algum tempo atrás, quando comecei na dança de salão, conheci um simpático casal de idosos. Eles me falaram que tinham começado na dança por prescrição médica. Achei interessante, pois minha formação em psicologia me remeteu logo a pensar nos benefícios para a saúde e a auto-estima das pessoas acima dos 65 anos de idade.
Mais adiante um pouco no tempo, outra senhora, companheira de dança, me confessou. "Gosto da dança de salão porque aqui a gente não é discriminada pela idade". Mais uma vez o meu pensamento retornou para o tema da auto-estima do idoso e a dança de salão.
A dança de salão é democrática. Numa mesma turma podemos encontrar pessoas com 13, 30, 70 anos de idade, que dançam juntas, sem o menor problema ou constrangimento. As turmas são separadas por nível e não por idade. Assim, abre-se um valioso espaço de integração intergeracional, tão raro nos últimos anos. Isto porque, acredito que, com a formação dos grupos específicos de terceira idade, idosos e jovens perdem um pouco do espaço de trocas e convivências.
Minha mãe, que já tem noventa anos, em breve fará 91, fez parte de um desses corais da terceira idade. Certo dia me disse que não queria ir, que não iria mais de jeito nenhum. O motivo? "Não quero ir para um lugar onde de vez em quando sabe-se que morreu uma colega". Isso a deixava deprimida e na expectativa da própria morte. Ela sempre fugiu de pensar nisso. Ela quer pensar na vida, em viver intensamente.
Acredito que os chamados grupos de idosos têm seus pontos positivos, não resta dúvida. Pessoas com uma longa jornada por esse mundo têm mais coisas em comum que podem compartilhar. Porém, as trocas com as outras gerações também são importantes. A inclusão não pode ser segregação. Isolamento geracional. Porém, parece que esse tipo de atividade foi o único que se abriu para eles, e eles participam pois querem viver ainda. "Viver tudo o que há para viver", como disse Lulu Santos.
Aprender a dançar. O idoso, a idosa, que sempre ouviram dizer que "papagaio velho não aprende a falar", quando percebe-se aprendendo a dançar, coloca por terra essa velha imagem do idoso, como pessoa impossibilitada de realizar aprendizagens. Percebe-se vivo, viva!

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